terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Primeiros passos...

"Deus é a minha fortaleza e a minha força, e Ele perfeitamente desembaraça o meu caminho" II Samuel 22:33

Nós nunca sabemos o tamanho da caminhada, mas os primeiros passos se fazem necessário. Desistir ou persistir são decisões que precisarão ser tomadas...
Em muitos momentos o cenário ao derredor se mostra solitário e sombrio; por outras vezes, não é assim... Encontramos vozes ou sons que nos fazem sentir acompanhados.

Se nascemos, um caminho nos está proposto. No geral, reclamamos dele. É o medo do desconhecido.

Com o tempo vamos percebendo que o caminho oferece vias alternativas...paramos...por vezes há zonas de escape, afinal, chove, venta, o sol arde e ninguém é de ferro.

Por mais que às vezes a parada se prolongue, o caminho nos chama...precisamos seguir em frente ou, quem sabe, retornar...

Somos condicionados a sempre seguir em frente, como se na frente nos aguardasse algo que se quer sabemos do que trata...

Meu filho Lorenzo, após uma longa "caminhada" de 1 ano e 20 dias, deu hoje seus primeiros passos independentes...

Ah...que sensação indescritível!!! Seu nome me vem a mente com tudo que significa - "coroado de louros",  "O Vitorioso"!!! LORENZO...como amo esse nome...como te amo, meu filho!

Te olhando caminhar, ainda inseguro e vacilante, não sei se a emoção maior está em você ou em mim...

Em seus passos vacilantes vejo minha vida passar diante dos olhos. Seus olhos azuis, brilhantes e atentos procuram em mim a força do encorajamento para seguir em frente...

Mal sabe você, que eu é que encontro em seus olhos a força e a vontade que por vezes me falta.

Meu pequeno Lorenzo, que hoje ensaia seus primeiros passos, guarda em comum comigo que após milhares de passos, ainda estou aprendendo a caminhar...

Evidente que os medos são de outra natureza, mas eles estão na trajetória de qualquer caminhante. 

A incerteza do amanhã, as limitações trazidas pelos anos que se acumulam e que reverberam as reflexões pessimistas, porém, realistas do Pregador...

Estou a certa altura da minha jornada onde os medos se refazem...

Breve meu filho não estará mais debaixo de meus olhos o tempo todo, descobrirá um novo mundo que rivalizará com a minha, até então, exclusividade. 

Vou percebendo a duras penas que não sou dono dele, mas apenas o mordomo a quem Deus confiou um precioso tesouro...

Com isso, o pregador vai devaneando e aprendendo que o importante não é ter domínio sobre o caminho que se percorre, mas a confiança de que, quem nos propôs o caminho sabe de todas as coisas...

Quem se lembra dos primeiros passos? Praticamente ninguém, como o Lorenzo também não se lembrará quando for homem feito.

Mas, não fossem por eles, inseguros, vacilantes, trôpegos, não teríamos chegado até aqui, para enfim descobrir que continuamos dependendo daquele incentivo para continuar. Continuemos, pois, olhando para o mestre Jesus.

Siga em frente, meu filho Lorenzo...que Jesus te acompanhe.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

"Senhor...que eu veja..."

"Que queres que eu te faça"? (Evangelho de S.Lucas 18:41)



Já brinquei de ser cego...fechar os olhos e sair andando...
Não demorava muito, porém, pra desistir da brincadeira.

O dom da vista é maravilhoso...poder enxergar as belezas da terra em todas as suas formas e variedades.

Nos sentimos vivos quando vemos o belo e nos transtornamos quando vemos a realidade...

A realidade das ruas, das vielas, das encruzilhadas no horizonte.

Nossos olhos nãos nos brindam só com o que dá prazer, somos convidados a processar imagens angustiantes e, pra nosso desespero, elas parecem onipresentes.

Pra onde olhamos vemos dor, sofrimento, injustiça, enfim, o caos estabelecido.

Tenho me fartado dessas imagens ultimamente...mas não sou um masoquista, simplesmente me dei conta de que via sem enxergar.

Percebi que o outro passou a significar mais para mim...que minha dor é nada diante da dele. Passei a valorizar as relações e me aprofundar nelas. Cansei de viver mecanicamente como um soldadinho de chumbo que marcha ao tilintar sedutor das moedas...

Falando nisso, Bartimeu, pobre Bartimeu...esmolava na Palestina dos tempos de Cristo, até que a sorte lhe sorriu...era seu dia de glória. Jesus estava no seu caminho...tamanha sorte não se desperdiça e lá vai o cego, nem aí para ninguém, tropeçando e gritando feito louco: "Jesus, Filho de Davi, tem misericórdia de mim".

O Mestre o acode e fulmina: "Que queres que eu te faça?"

Por absurda que pareça a pergunta, Jesus sabia bem as implicações de enxergar..."às vezes é melhor ser cego".

"Senhor, que eu veja", responde o mendigo.

Não raro,  habitamos a escuridão de nossas almas...lugar sombrio, gélido e solitário. Nos habituamos à caverna de tal forma que a luz nos agride. Acostumamos a não ver ou escolher o que vamos enxergar dentre o que vemos. Nisso, muitos outros tem se tornado invisíveis para nós.

Hoje tenho medo de ter a escuridão que me protege os olhos dissipada...

Deus, entretanto, não me tem aliviado. "Se vieste para a Luz, tua alma terá que ser iluminada"

Tenho sido convocado dia após dia a encarar o caos, as mazelas do mundo e não só suas belezas e, ainda assim, guardar a fé.

Sofro com as imagens que me chegam via satélite diariamente, ou que se materializam nos teclados que digito.

O choro é inevitável e lubrificam meus olhos, de forma que vejo ainda mais nitidamente. Chorar nessa horas é bom...revela que ainda há vida num coração que se imaginava desertificado.

Me aproprio da fala de Bartimeu  neste melancólico devaneio para dizer:

"Senhor que eu veja, que eu veja para enxergar, mas me dê graça para suportar e forças para agir".