É o que eu quero...
Redescobrir o sentido de coisas esquecidas.
Dias mais leves...
Pra caminhar sem pressa pelas ruas da minha cidade.
Pra perceber outros caminhantes...trocar sorrisos que desarmam a estranheza.
Pra assoviar sem motivos a melodia dos corações tranquilos.
Pra produzir tempo para os que nunca tive...
Pra ser-lhes o olhar que encoraja, a mão que afaga mas que também supre.
Dias mais leves...
Pra deitar e dormir, não sem antes sonhar acordado o sonho que se lembra.
Pra espreguiçar demoradamente como que desperto sobre nuvens de algodão.
Pra saudar com sorriso de criança a paisagem que minha janela mostrará.
Pra chorar com os que choram, alegrar-me com os alegres, ser humano em todo tempo.
Dias mais leves...
Pra não me assustar com o som das águas vespertinas e nem com o silêncio que inunda a noite.
Pra não me desgostar do beijo que não veio, não quente como eu queria.
Pra aceitar os outros como são e não doar-lhes nada além do que sou.
Pra não ir além do que posso ir, nem me cobrar o milagre que não me compete fazer.
Dias mais leves...
Pra contemplar a beleza de tudo que é belo
Pra fazer de teus olhos, espelho...
De teu colo, travesseiro...
De teus lábios, conselhos...
De teu abraço, o casaco que me aquece a alma.
É o que eu quero...
Redescobrir o sentido de coisas perdidas
Dias mais leves...
Pra fazer de ti, Jesus...
...o meu tudo.
Marcelo de Paula