
Mais uma vez somos surpreendidos pelas reflexões do pregador.
Trata-se de uma frase cujo sentido só se encontra dentro de uma compreensão do contexto em que se insere o livro de Eclesiastes, ou seja, a vaidade da vida.
É evidente que ninguém prefere estar num velório, quando poderia estar numa festa. As motivações que levam a ambos os lugares são absolutamente diferentes.
As pessoas de uma maneira geral tendem a isolar-se da realidade concreta, construindo "realidades alternativas" e assim, reagir mui negativamente ante as contrariedades da vida.
O casal se casa idealizando ser feliz para sempre...
Os filhos são criados como propriedades exclusiva de seus genitores e todos os cuidados lhe são assegurados...
O dinheiro é poupado de sorte a garantir um futuro tranquilo para toda a família...
Tudo é pensado e calculado de maneira a evitar os infortúnios.
Felicidade... Áhh... a felicidade é a meta de todos!
Ocorre, porém, que ninguém passa incólume pela existência e todos sabem disso.
Ainda assim, muitos preferem erigir verdadeiras "neverlands mentais" ao invés de um monumento à reflexão que os façam sábios para a vida.
Platão disse certa vez que "uma vida sem reflexão não vale a pena ser vivida".
O Pregador se reafirma quando diz que "o coração dos sábios está na casa do luto" (v.4)
Esta não é uma mensagem segundo o gosto do Pregador, mas é oriunda das constatações que faz acerca da existência, como fruto de sua reflexão.
O existir é isso, saber passar pela vida admitindo e encarando com a maturidade necessária a possiblidade tanto do bem como do mal.
Trata-se de uma verdade que não pode ser surprimida do discurso endereçado a Assembléia.
Já se disse com muita propriedade que “não há bem que sempre dure e nem mau que nunca se acabe”
O que vemos hoje em dia são fiéis paparicados com discursos triunfalistas insurgidos de púlpitos não reflexivos.
O andar com Deus não nos exime de ser visitados pela tragédia, seja ela na forma de casamentos desfeitos, filhos tirados, patrimônios perdidos.
É o desejo do coração de Deus que os que o servem tenham uma perspectiva real da existência, para que o sigam desprovidos de interesses outros que não somente a Sua Glória...
Que como o velho Jó, que experimentou como poucos a coexistência entre o bem e o mau, possamos dizer:
"Temos recebido o bem de Deus e não recebería-mos também o mal?" (Jó 2:10)
e ainda...
"O Senhor o deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor". (Jó. 1:21)
"O Senhor o deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor". (Jó. 1:21)
Este pregador que vos escreve também está aprendendo a “existir”...
Tem feito disso a sua busca constante, entre meditações, orações e claro...
...devaneios.
Como me acalenta a alma saber que não estou só nessa jornada!
Tem feito disso a sua busca constante, entre meditações, orações e claro...
...devaneios.
Como me acalenta a alma saber que não estou só nessa jornada!
Marcello di Paola