
"Pois o necessitado não será para sempre esquecido, e a esperança dos aflitos não se há de frustrar perpetuamente" (Salmo 9:18)
Não era para eu escrever hoje...talvez nem devesse, mas esse é meu espaço para devanear.
Hoje minha fé é provada ao extremo e não posso conter a dor e o arrependimento por existir... pois é, como se de mim dependesse alguma coisa.
Hoje desejei ser cego para não ver, surdo para não ouvir e mudo para não falar.
Nunca me foi tão difícil escrever...nunca as palavras me evitaram com tamanha dramaticidade.
Pensei que sabia o quanto o ser humano é fétido, podre, fútil e desprezível...
Como estava enganado!
Desejei ardentemente não ter havido arco íris no céu pós diluviano como testemunha do concerto de Deus com o homem.
Desejei mais que Jonas a destruição dos ninivitas capitalistas e o desmoronamento de suas muralhas...
Desejei que as estrelas caíssem do céu, que a lua avermelhasse feito sangue e que o sol enegrecesse subitamente...para esconder a feiura da alma humana desnudada em toda sua hipocrisia.
Tudo isso porque hoje vi num vídeo um bebê sendo atropelado várias vezes, sob o olhar de passantes indiferentes que se desviavam do pequeno corpo agonizante ao invés de socorre-lo.
Aconteceu, segundo a notícia, numa província chinesa, numa rua comercial, onde tempo é dinheiro e vida é nada.
Aliás, o que é um bebê a menos numa população de 1 bilhão e 400 milhões de habitantes?
Talvez agora, a desilusão desse pregador, comece a ser compreendida.
A cena desse bebe, que me chicoteia a alma, me traz a memória as crianças dos orfanatos, as crianças refugiadas da guerra, as crianças abandonadas nas portas dos outros, as crianças encerradas nas camas dos hospitais, as crianças famintas do continente africano, as crianças cujo playground são os esgotos a céu aberto nas favelas das periferias, as crianças que mendigam exploradas nos faróis das metrópoles endinheiradas, as crianças abusadas por monstros dominados por desejos insanos, as crianças que dormem diariamente ao som da sinfonia da fome, as crianças esquecidas por adultos esquecidos de sua própria infância...
Em meio a essa amargura da minha alma recorro à Palavra do Eterno: "Pois o necessitado não será para sempre esquecido, e a esperança dos aflitos não se há de frustrar perpetuamente. Levanta-te Senhor; não prevaleça o mortal. Sejam as nações julgadas na tua presença. Infunde-lhes, Senhor, o medo; saibam as nações que não passam de mortais." (Salmo 9:18-20)
Este pregador teima em acreditar que a indignação divina é muito maior do que a de qualquer pessoa capaz de se comover... Deus ainda está no controle, eu sei.
Para os que suportarem experimentar a mesma aflição que o pregador, diante de imagens tão degradantes, eis o link: