quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Numa tarde de sol...


Vivenciei uma experiência interessante nesta quarta feira.

Fazia muito calor a tarde e resolvi deixar o escritório para espairecer um pouco.
Fui até a pracinha de Moema, onde funciona uma feirinha de artesanato. Após caminhar por alguns minutos sentindo o frescor produzido pelas sombras das árvores, um verdadeiro oásis naquele momento, adentrei a paróquia "Nossa Senhora Aparecida de Moema". Olhos agilmente corridos pelo templo, escolhi, mais ou menos ao meio, uma, dentre as 500 cadeiras de cor marfim com acentos de couro, bastante confortáveis. Passei a ler então o boletim que peguei na entrada e me inteirar da rotina daquela comunidade religiosa. Não demorou para me dar conta da grandeza do lugar. Observei atentamente toda a dimensão do local envolto num silêncio sereno em contraste com a inquietude de minha alma. A arquitetura da igreja é de estilo Romano, com belos vitrais e afrescos pintados pelo pintor italiano Bruno di Giusti. São 25 afrescos artisticamente distribuídos pelo corpo do templo. Um misto de paz com sensação de pequenez apoderou-se de mim ao passo que a catedral crescia imponente e suntuosa diante de meus olhos. Arrebatado por aquele momento sussurrei uma oração, de início tímida, mas que foi se alongando. Era como se estivesse de fato na Casa de Deus. Por um momento me senti abrigado dos barulhos exteriores, dos medos que me atormentam, das preocupações cotidianas. Minha oração não foi utilitaria como de costume. Não pedi nada de material, apenas me confessei diante de Deus. Reassumi meus pecados e a necessidade de me apegar mais aos valores do espírito. Na medida em que avançava na oração era como se me deslocasse no tempo até os dias dos personagens retratados naqueles afrescos, verdadeiros heróis da fé, que pagaram com suas vidas para que o Evangelho chegasse aos nossos dias. Lavei minha alma, por assim dizer. O tempo passou e ja me sentia bem melhor. No entanto, mau terminei minha oração e pensamentos conflituosos, de ímpeto me assaltaram, como se a trégua do inferno tivesse cessado...
O que eu, um cristão protestante, faço aqui???
O que está havendo comigo?
Como posso buscar o altíssimo rodeado de imagens de escultura tendo por testemunha todo um cenário católico apostólico romano???
Neste momento recordei que "Deus não habita em templos feitos por mãos humanas". Tomado de alívio tive uma convicção interior de que Deus não se limita pelos nossos preconceitos.
Deus habita sim, num alto e sublime trono, mas habita também com o que tem o coração contrito e assim eu estava.
Fui visitado por Deus porque me aquietei para ouvi-lo. Porque resolvi buscá-lo desesperadamente de onde eu estava, sem me dar tempo para arrazoar em cima de conceitos humanos.
Assim, fui retribuído com a paz que excede todo entendimento...
Difícil foi sair dali, deixar aquela atmosfera celestial, mas tive que sair, afinal a vida lá fora me aguardava. Ao chegar a porta, relutei...suspirei... e saí.

O silêncio se foi, mas a paz...
...ficou.





4 comentários:

  1. Marcellão! primeiramente, parabéns pelo Blog.

    Muito bom seu artigo. Estar em Deus é vital.

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  2. Valeu Nono...obrigado pela visita.

    Abraço amigão.

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  3. Cara que experiência e que postagem maravilhosa! É esta a sensação que eu sinto diante do Santíssimo Sacramento, carregado pelo desejo imenso de poder recebê-lo o mais breve possível e de alimentar-me de sua palavra!

    Em meio a tanto barulho e caos é necessário calar para que a voz de Deus possa penetrar no interior dos nossos corações e transpaçar a nossa alma, como uma espada de dois gumes.

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