terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Lágrimas de mãe...

"Em Ramá se ouviu uma voz, lamentação, choro e grande pranto: Raquel chorando os seus filhos, e não querendo ser consolada, porque já não existem" (Evangelho de S. Mateus 2:18)



Meu devaneio dessa madrugada é inspirado na figura maternal de Maria, mãe de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

É também uma homenagem a todas as mães, em particular aquelas enlutadas que passaram e, passam hoje, pela dor excruciante, pela desordem natural de sepultar um filho.

Jamais entenderei isso...

Quem entenderá?

Uma criança desejosa de conhecer o mar, uma mãe desejosa de satisfazer-lhe o desejo...

Um tempo de felicidade, um tempo de trocas,

de carinho... um tempo de céu...

Um tempo interrompido abruptamente pela visita cruel, e sempre inconveniente da tragédia.

O que resta a esta mãe  e este pai além das lágrimas, além da dor, além da saudade?

Não sei e não posso dimensionar isso...

Queria ter uma palavra pra essa mãe...mas não tenho...

O pregador que sempre busca achar palavras agradáveis, se vê perdido...impotente...vazio.

Me recuso a não sofrer, me recuso a armar minha tenda na zona de conforto da indiferença...
Me recuso desviar os olhos da dor do outro...

Maria, bendita entre as mulheres, regava o chão aos pés da cruz...lágrimas de mãe.

Mães de Graziellys, de Isabelas e de Eloás, regam o chão onde jazem suas filhas...lágrimas de mães.

O tempo passou, mas as mães ainda sofrem a perda de filhos e filhas...

Pra mim, não há tragédia e nem contradição maior nessa vida.

Um dia partiremos todos daqui...uns mais cedo, outros mais tarde,

Por isso... VIVA...

Viva o quanto puder... Satisfaça os desejos de quem você ama...

A pequena Grazielly morreu conhecendo o mar...

Como ela queria conhecer o mar...!

Mar, que por mais grandioso que seja, jamais conterá a grandeza das lágrimas...

...das lágrimas de muitas mães.


Marcello di Paola


PS: Interpretação da orquestra de Andre Rieu "Ave Maria" - Franz Schuber



4 comentários:

  1. É... Chora o corpo e todas as células que formam as entranhas de uma mãe... Chora a alma e todo o ventre. Chora a saudade e toda a lembrança ao enterrar um filho de uma mãe... Chora a dor infinita que dilacera o coração.
    Choro eu, choramos nós tentando imaginar a dor de uma mãe...

    Ariane Aline

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    1. Ariane, muito obrigado por sua visita aos meus devaneios e pelo lindo e poético complemento, digno de uma alma nobre, que chora com os que choram...Deus te abençoe.

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  2. E o pior de tudo é saber que a justiça dos homens tenta abafar o caso e esconder o verdadeiro culpado!
    Filho de político ou não é um assassino e precisa pagar pela vida ceifada ainda em tão tenra idade! Filho de político ou não deveria ser exemplo de que a justiça exite e será feita!
    Lindemberg foi condenado a 98 anos e 10 meses de prisão, mas sabemos que não chegará a cumpris aos 30 anos, máximos em nossa LEI retrograda e desatualizada!... Ainda terá sonhos a realizar qdo sair da cadeia, ainda poderá sonhar... enquanto Eloá será talvez uma lembrança apenas, não pra ele, mas para aqueles que se deixaram chocar por sua história. E será para sempre uma dor enorme no coração da sua família... E o que dizermos da dor de Ana Carolina, a mãe de Isabela... enterrar a filha morta tão brutalmente pelo próprio pai e sua comparsa!
    É, sabíamos que seria assim no fim dos tempos... só não sabíamos que iria doer tanto uma dor do outro em nós. Não sabíamos que doeria tanto a indiferença!
    E a ex-jogadora da seleção de vólei do Brasil? Morta pelo próprio filho com 16 facadas... assim sem nenhuma explicação?
    Todos frutos de uma sociedade que desaprendeu a dizer não aos seus filhos para educá-los, para ensinar-lhe que caráter é bom, faz bem e preserva a vida e a integridade...
    E qdo olho para meus alunos e observo todo o quadro a educação hoje em nosso país e no mundo, eu vejo que as gerações futuras estão ainda mais comprometidas... O que mais ainda veremos? Qtas lágrimas ainda choraremos?

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    1. Pois é, maninha...tudo fruto de uma sociedade que desaprendeu...Enquanto o ser humano não voltar os olhos para a cruz e reaprender o sentido do amor, rios de lágrimas ainda fluirão de seus olhos, condenando-o a um afogamento de alma lento e doloroso.

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