quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Uma dor sublime

O Amor é forte como a morte...(Cantares de Salomão 8:6)



Uma dor sublime? Ouvi esta frase uma única vez na vida, provinda de uma mãe enlutada que havia ficado viúva a exatos um ano. Ela chamou a dor que sentia diante do corpo sem vida de seu filho de "dor sublime"...

Como fiel dedicada ao Cristo que ama, ela sabe que seu filho, assim como seu esposo, apenas adormeceram...

Somente tamanha convicção pode domesticar a dor latente de perdas irreparáveis.

Quando se perde um pai ou mãe, fala-se em orfandade...quando se perde um cônjuge, fala-se em viuvez, mas quando se perde um filho, o que falar? O que dizer?

Alguns como Dona Dinorá podem falar em "dor sublime"...a dor que dói como espada encravada no mais profundo do ser, porém,  subjugada pela esperança do reencontro...

Não existe força poderosa como a morte. Ela chega sorrateira e democraticamente reclama sua vítimas

Por isso ela causa terror e espanto e é posta à margem pela reflexão humana.

São Paulo, Apóstolo a chama de o último inimigo a ser vencido pelos cristãos..."Tragada foi a morte na vitória", diz ele, sob inspiração divina.

Mas se a morte é forte, forte também é o amor. Nas palavras do rei poeta "O amor é forte como a morte".


Assim como não se escapa da morte quando ela chega decidida, não escapa do amor o pobre coração desavisado que se deixa encantar, que vê o objeto do seu amor distante e separado de si pela cortina da impossibilidade.

Pobre coração... o dos apaixonados, que em toadas e canções, prosas e poesias, versos e rimas enaltecem a nobreza de seus sentimentos provenientes de almas sangradas pela inocência.

Amor e luto, sentimentos antagônicos, um desejado e outro rejeitado, mas que comungam do mesmo poder de causar a dor que fere.

Ambos são inevitáveis no curso de uma vida pelo que o pregador aconselha:

Ame...ame...ame...para que quando a morte vier você possa lhe dizer:

Estou pronto, porque se sofri por amor, amei de verdade...e os que partem desse mundo amando de verdade, cumpriram o propósito de sua existência.

Que Jesus, o Rei da vida, seja o meu e o teu consolo assim como foi da Dona Dinorá, quando no instante mais implacável da vida, pode suavizar a dor da perda chamando-a de sublime.

Marcello di Paola

5 comentários:

  1. Já senti a dor de ter perdido, mãe, pai e irmã.
    Dói muito, até compreender que a dor que eu sentia era egoísta.Porque como cristã acredito em outra vida.E, tenho a certeza que Deus lhes reservou um belíssimo lugar.A saudade ainda sinto... Mas, perder um filho, sei lá nem quero imaginar...é morte da minha própria vida.
    Já ouvi dizer, que pais estão preparados pra morrer antes mas nunca perder seus filhos.
    Uma linda mensagem Marcello, pra gente refletir. Parabéns!

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  2. Perfeito como sempre, amor, morte...pra mim dois mistérios. Parabéns

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  3. O mistério maior, é a morte de um filho, de maneira nenhuma consigo entender...Parabéns Marcello

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  4. Marilli e anonimos, o que vejo aqui é uma pequena amostra de como somos feitos da mesma substância e o quanto nos identificamos como humanos. Se o que escrevo lhes alcança de alguma maneira, esse espaço se justifica. Um grande beijo a todos e obrigado por me visitarem.

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  5. O amor é forte como morte? Será que existe isso? Um amor forte não muda ..

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