"...antes que se rompa o fio de prata, e se despedace o copo de ouro, e se quebre o cântaro junto à fonte, e se desfaça a roda junto ao poço, e o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu." (Eclesiastes 12:6-7)
A velhice é um dos temas dos quais muitos fogem de refletir. O Pregador, entretanto, recorre a assuntos não celebrados nas rodas da vaidade para atrair mentes alienadas, aos alertas da sabedoria.
É típico do homem de todas as épocas boicotar a reflexão sobre sua finitude. Em dias modernos, isso ficou muito mais fácil diante do aparato de entretenimento que o orbita. Todas essas distrações, respaldada por conceitos psicológicos, filosóficos e metafísicos tem convidado o homem a sonhar com a imortalidade, sem no entanto, refletir sobre sua finitude.
A finitude e infinitude que caracterizam o homem e Deus respectivamente era a síntese do pensamento de Kierkegaard no século XVIII, e que fez o filósofo se debruçar em reflexões que culminaria naquilo que viríamos a chamar de existencialismo.
Nesse aspecto a velhice se constitui num verdadeiro tabu. Na falta da mitológica fonte da juventude, a ciência disfarça os sinais da velhice pelas mãos habilidosas de escultores de corpos quase divinizados. A indústria farmacêutica surpreende com novos medicamentos que interrompem processos de morte. A cultura dos hábitos saudáveis é disseminada de forma que a velhice agora não é mais chamada de terceira idade, mas de "melhor idade".
Melhor???
Para o Pregador o período que separa o ápice da juventude da volta ao pó é marcado pelo desgaste. Ele recomenda que se aproveite sabiamente a juventude "antes que venham os maus dias nos quais dirás, não tenho neles prazer."
O grande paradoxo do homem moderno é a busca de uma vida plena movido pela vaidade, ao invés de pelo autor da vida.
"Lembra-te do teu Criador..." recomenda o Pregador, mas lembra-te enquanto reúnes em teu corpo e mente todo o potencial da sua juventude, para que assim direcione seu caminho para o que vale a pena, para os valores eternos.
O processo de desgaste pode ser retardado, mas jamais impedido. Não houve soberano que permaneceu no trono para sempre, por mais grandioso que tenha sido seu reinado.
Nada pior do que viver dias dados por Deus sem prazer...Uma frase de Kierkegaard cabe bem aqui: "A maioria dos homens perseguem o prazer com tanta impetuosidade que passa por ele sem vê-lo."
Lembra- te do teu Criador, desde a infância até a velhice...rompa enquanto há tempo com o niilismo de uma cultura que nega Deus embasada em discursos de sábios finitos.
Agindo assim, te manterás sereno mesmo quando chegarem os dias sem prazer, pois saberás que um prazer infinito está reservado aos que não se esqueceram do seu Criador.
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